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Qual a idade para liberar games?

Você sabe qual a idade para liberar jogos on-line para os filhos? Buscando essa resposta, A Tribuna ouviu Ivelise Fortim, professora da PUC-SP e sócia da Homo Ludens, escritora e organizadora da cartilha “O que as famílias precisam saber sobre games? Um guia para cuidadores de crianças e adolescentes”.

Apesar dos alertas quanto aos cuidados, ela salienta: “Jogar é bom desde que esteja dentro de uma vida que é equilibrada com outros fatores”. Confira o que ela disse sobre alguns pontos:

Idade para liberar jogo

“O ideal é a família liberar os jogos de acordo com as capacidades emocionais e cognitivas da criança. Então, quando a gente pensa em crianças pequenas, de zero a quatro a 5 anos de idade, o ideal é não mexer no celular. O melhor é que brinquem com brinquedos e não com telas.

Depois dos 5, 6 anos, o ideal é você ir liberando de acordo com a classificação indicativa. Recomendo que antes de dar um celular, um console (de videogame) ou jogo de computador para o filho, é importante que a família veja qual é a classificação indicativa e se ela está de acordo com a idade da criança.

Pensando em crianças de 7 a 10 anos, é importante entender se o jogo está de acordo com valores familiares e com a capacidade de controle que elas têm com relação a isso.

Então, a classificação indicativa é uma boa métrica para a família saber se o jogo está adequado ou não, lembrando que essa classificação é indicativa, não proibitiva.

Lembrando que jogos de azar, de aposta esportiva e cassino on-line, por exemplo, a gente não considera como videogame. São jogos com uma probabilidade enorme de gerar dependência. Portanto, não devem ser usados por menores de 18 anos”.

Limites

“Quando a gente pensa em limites, é importante saber que criança e adolescente têm que ter limite para jogar. Acho que o mais importante desse limite não é pensar só o número de horas que a criança passa jogando, mas o quanto ela está reservando para fazer outras atividades na vida.

Então, você pode jogar, mas tem que ter tempo para fazer as tarefas de casa, tarefas da escola, tem que ter o tempo de dormir adequadamente, de fazer as refeições sem jogar, de estar com outros amigos e brincadeiras em jogos analógicos que não envolvem a tecnologia, estar com a família, além de disponibilizar tempo para fazer alguma brincadeira criativa.

Então, é importante verificar não só o número de horas, mas também o quanto a criança ou adolescente está conseguindo manter o resto da vida que não seja só jogar”.

Compra de jogos e dívidas

“Com relação a compras e jogos, isso tem a ver com alguns fatores. Por exemplo, o dispositivo que a criança está usando, as regras e normas que a família vai colocando, bem como a idade da criança.

Então, quando a gente pensa em crianças pequenas que jogam no celular, é importante que a família não deixe o cartão de crédito direto ali, porque muitas vezes têm alguns jogos que a criança pode confundir dinheiro de verdade com moeda do jogo e acaba fazendo uma compra indevida.

Se for provado que teve uma compra indevida feita por uma criança pequena, muitas vezes a família pode conversar com o responsável pelo jogo e algumas empresas podem até devolver o dinheiro, mas depende de cada caso.

Quando você vai pensando em crianças mais velhas, tem que ensinar um pouco basicamente o valor do dinheiro. O que significa o gasto, comparar esses gastos no jogo. Por exemplo, olha esse gasto que você quer fazer fora do jogo, é o preço de uma bala, de um brinquedo,

“É importante verificar o quanto a criança ou adolescente está conseguindo manter o resto da vida que ” não seja só jogar

de uma roupa, de um tênis. Ou às vezes têm coisas que são muito mais caras do que isso. Esse momento é muito importante para que a família aproveite para fazer uma educação financeira.

Dê exemplos: 'posso comprar isso agora, mas podemos juntar esse dinheiro e comprar outra coisa no futuro'. Esse debate sobre como se gasta no jogo é importante.

Controle

“Se tiver algum problema que a família identifique, uma dificuldade de controlar a compra ali no jogo, uma dificuldade de controlar o tempo de uso, é importante que a criança, o adolescente, passe por uma avaliação psicológica, médica.

Muitas vezes a gente pode ter um diagnóstico de dependência em jogo, mas também pode ter outros problemas associados e a criança ou adolescente estar usando o jogo como forma de escapar desses outros problemas.

Portanto, em situações mais extremas, não tome decisões isoladas. A avaliação de um profissional é imprescindível para fazer essas diferenças e propor um tratamento adequado”.

Mensagem aos pais e filhos

“Tudo bem jogar, é bom, mas não dá para fazer só isso da vida. Tem até pessoas que jogam muito e que viram jogadores profissionais, mas elas fazem outras coisas, têm outras atividades que não só jogar. Jogar é bom desde que ele esteja dentro de uma vida que é equilibrada com outros fatores”.

Reportagem Especial

pt-br

2023-12-01T08:00:00.0000000Z

2023-12-01T08:00:00.0000000Z

https://atribuna.tribunaonline.com.br/article/281586655359298

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